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Aluno do Curso de Física desenvolve pesquisa em Portugal

publicado: 28/09/2018 08h29, última modificação: 05/10/2018 17h04
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Semana Mobilidade Acadêmica 2018 - IPB/Portugal

O aluno Guilherme Bittencourt, do Curso de Graduação em Física (Licenciatura) do IFMG Campus Congonhas, acaba de retornar de Portugal, onde esteve nos últimos meses participando do Programa Internacionaliza IFMG e desenvolvendo a pesquisa “A Avaliação das Aprendizagens sob a Ótica de Docentes e Discentes de Cursos de Formação Docente em Portugal”.

A pesquisa foi realizada com os cursos de formação docente do Instituto Politécnico de Bragança (IPB). Guilherme Bittencourt participou da segunda edição do Internacionaliza IFMG, sendo o primeiro colocado entre os 14 alunos selecionados. Confira a entrevista:

De onde surgiu a ideia do projeto?

O projeto foi fruto de discussões em torno de questões fundamentais inerentes à prática docente. A proposta era investigar as múltiplas concepções de discentes e docentes de cursos de formação de professores do Instituto Politécnico de Bragança (IPB), em Portugal, sobre a avaliação e suas relações com os significados atribuídos ao processo de ensino e aprendizagem.

Quais os principais resultados encontrados?

A pesquisa aponta que embora alguns discentes compreendam o papel didático-pedagógico da avaliação, a maioria a percebe como um ato que se realiza de maneira pontual, divergindo da ideia de avaliação como um processo contínuo que perpassa todos os momentos do processo de ensino e aprendizagem. E apesar de, em alguns momentos, os discentes reconhecerem aspectos da natureza formativa da avaliação ao vê-la como um instrumento regulador do processo de aprendizagem, o que se verifica é que a avaliação é, frequentemente, reduzida a um instrumento de caráter estritamente punitivo e classificatório, com ênfase na verificação de conhecimentos, atribuição de notas e classificação dos alunos.

E como os docentes concebem os processos de avaliação?

Entre os docentes, identificou-se um discurso reflexivo e um notável embasamento teórico sobre o papel da avaliação das aprendizagens, com destaque para as funções formativa e diagnóstica da avaliação. No entanto, eles apontaram fatores que dificultam na prática a utilização da avaliação alinhada ao discurso: a grande quantidade de alunos; a elevada carga horária de trabalho docente; e o fato de muitos alunos estarem acostumados com o modelo de avaliação tradicional.

Quais as implicações das percepções dos discentes em relação à avaliação?

De modo geral, as concepções que os discentes têm a respeito do papel da avaliação estão estreitamente relacionadas ao modo como eles significam a aprendizagem. Além de contínua, processual e permanente, a avaliação diz respeito não apenas às aprendizagens dos alunos, mas também à qualidade dos métodos didático-pedagógicos empreendidos pelo professor. Sendo assim, enquanto tarefa didático-pedagógica permanente e imprescindível da prática docente, a avaliação escolar não pode ser concebida de maneira isolada dos objetivos do ensino, métodos e procedimentos utilizados pelo docente.

E, quanto à aprendizagem, o que mais se destacou?

No que tange os significados atribuídos pelos discentes ao ensino e à aprendizagem, foi possível perceber, para alguns discentes, a presença da ideia de “educação bancária”, criticada por Paulo Freire, em que o aluno é visto como ser passivo no qual se “deposita” conhecimentos, enquanto o professor exerce o papel de transmissor de conhecimentos. Esse modo de se conceber a aprendizagem suprime as potencialidades dos alunos, ao reduzi-los a meros “receptáculos de conhecimentos”, divergindo drasticamente da ideia de aprendizagem como um processo dinâmico que envolve o desenvolvimento e a construção de competências e habilidades. Contudo, outros discentes compreendem o ensino e a aprendizagem como um processo em que aluno e professor trabalham juntos na construção de habilidades e competências.

O que poder ser feito para transformar tais percepções?

É fundamental que os cursos de formação docente tenham momentos de reflexão sobre as características, finalidades e o papel da avaliação, uma vez que os métodos avaliativos vivenciados pelos discentes ao longo de sua formação moldam suas concepções sobre o papel do ato de avaliar e influenciam significativamente o modo como eles avaliarão seus alunos no futuro. Ou seja, caso a avaliação seja significada em termos estritamente somativos no contexto de cursos de formação docente, os alunos, após se tornarem professores, tenderão a reproduzir as mesmas práticas avaliativas a que foram submetidos.

Quais os outros apontamentos da pesquisa?

A pesquisa é bastante ampla e traz diversos apontamentos a serem discutidos. Os dados já analisados revelam, por exemplo, uma interpretação “meritocrática” da avaliação na medida em que os bons resultados são vistos por muitos discentes como fruto do mérito dos alunos e os resultados ruins são interpretados como consequências do demérito dos mesmos. O projeto abordou ainda as potencialidades e limitações dos distintos instrumentos avaliativos utilizados no processo de ensino-aprendizagem.

Escola Superior de Educação - IPB/Portugal

Semana Mobilidade Acadêmica 2018 - IPB/Portugal

 Bittencourt no Castelo de Bragança - Portugal

O Internacionaliza IFMG é um programa de mobilidade acadêmica internacional que visa promover o desenvolvimento de pesquisas e a complementação de formação acadêmica de estudantes de cursos superiores (Bacharelado, Licenciatura e Tecnólogos) em instituições de ensino parceiras como o Instituto Politécnico do Porto, o Instituto Politécnico de Bragança e o Instituto Politécnico da Guarda.