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Projeto “Física Fora da Lousa” capacita professores da rede pública municipal

Iniciativa beneficia educadores do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental com oficinas práticas que utilizam materiais de baixo custo ou reaproveitados
por Comunicação publicado: 29/11/2022 10h42, última modificação: 29/11/2022 10h57

Uma das finalidades dos Institutos Federais, explícita na legislação que os instituiu, é oferecer capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino. Com esse compromisso, o IFMG - Campus Governador Valadares vem desenvolvendo o projeto “Física Fora da Lousa: uma abordagem experimental para o ensino de processos de transferência de calor, radiações e suas aplicações”. A ação extensionista tem como objetivo ofertar oficinas de práticas experimentais a professores da rede pública municipal que lecionam o componente curricular de Ciências para turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.

De acordo com a coordenadora do projeto, professora Juliana Rodrigues Franco, essa demanda de formação continuada foi apresentada pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) de Governador Valadares. Ela relata como se deu a construção da proposta, que conta na equipe com os professores de Física Artur Difini Accioly e Rodrigo Marques de Oliveira. E também com o estudante-bolsista Igor Gabriel Porto, do 2º ano do curso Técnico Integrado em Meio Ambiente, e a estudante-voluntária Lisandra Caroline Barbosa Muniz da Silva, do 3º ano do curso Técnico Integrado em Edificações.

“Após algumas discussões internas no IFMG e com a equipe pedagógica da SMED, nos baseamos em alguns documentos para decidirmos o foco das práticas. A equipe gestora da SMED nos enviou os resultados de uma prova diagnóstica aplicada em turmas do 9º ano e, ao analisarmos, identificamos que questões sobre ‘processos de transferência de calor’ - um conteúdo próprio da Física que é estudado dentro do componente curricular Ciências da Natureza - apresentavam baixa taxa de acertos”, explica Juliana.

Projeto Física Fora da Lousa_prática_polo UAB_set2022Os dois primeiros encontros de oficinas experimentais ocorreram no Polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB/GV), nos dias 21 de setembro e 26 de outubro. Dezoito escolas da rede municipal de ensino foram convidadas; dessas, 13 enviaram docentes para a capacitação. No total foram apresentadas oito práticas, todas utilizando materiais de baixo custo ou reaproveitados. Por exemplo, para demonstrar como se dá a convecção térmica, a equipe realizou a prática “Espiral movido a calor” utilizando apenas papel, vela e linha de costura.

Aprendizado permanente 

Professora Alcione Souza ministra as disciplinas de Ciências, Matemática e Educação Financeira na E. M. Monteiro Lobato, localizada na zona rural do município. Para ela, a formação continuada ofertada pelo IFMG é uma oportunidade de aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem. “Decidi participar porque esse tema [Física] é muito importante na aprendizagem dos meus alunos e também por ser complicado para ser repassado. E as práticas apresentadas vão me ajudar a trabalhar [os conteúdos] de forma mais clara. Espero aprender bastante com o projeto”.

Apesar de já lecionar Ciências há 11 anos, Cleiton Waldir de Souza Queiroz reconhece que a busca por novos conhecimentos não pode cessar. “Optei por ingressar nessa formação por já ter participado de outras com a professora Juliana, que sempre tenta trazer a Física de uma maneira mais simples e inovadora para facilitar o ensino em sala de aula. O que achei mais interessante [nas oficinas] é que com materiais simples, do dia a dia, podemos fazer práticas que muitas vezes se fala nos livros didáticos. Assim, com certeza o aluno terá um aprendizado mais sólido e satisfatório”, avalia Cleiton que, atualmente, trabalha na E. M. Vereador Hamilton Teodoro.

Projeto Física Fora da Lousa_prática_E. M. Rosalva Simões_outt2022Na sequência aos encontros no Polo UAB, a equipe do projeto pediu aos participantes do que marcassem aulas práticas com suas turmas. Em outubro, duas unidades foram visitadas, a E.M. Waldemar Nadil Krenak e a E.M. Professora Rosalva Simões Ramalho, oportunidade em que foram realizados experimentos de física com turmas do 7º ano. No mês de novembro a atividade prática ocorreu na E. M. Octávio Soares Ferreira, com turmas também do 7º ano. A programação de dezembro contemplará a E. M. Padre Eulálio Lafuente.

Desafios e expectativas

Na avaliação de Juliana, vivenciar o projeto sendo aplicado aos estudantes do município, no seu espaço escolar próprio foi muito importante para os docentes-extensionistas do IFMG compreenderem a realidade particular de cada instituição. Como exemplo, cita o caso da escola Waldemar Krenak que, como muitas outras, não tem laboratório didático para o ensino de Ciências. Nesse caso, as práticas foram adaptadas para a sala de aula da turma. Já na escola Rosalva Simões, foi possível realizar as práticas no laboratório de Ciências.

Projeto Física Fora da Lousa_prática_E. M. Rosalva Simões_outt2022“Considero esse projeto essencial, pois já conseguimos estimular [em escolas participantes] a ocupação de um ambiente próprio para práticas experimentais, que é fundamental para garantir que o espaço não seja demandado para outro tipo de atividade. E, ao mesmo tempo, estamos mostrando que é possível realizar práticas no ambiente comum da sala de aula, variando entre aulas expositivas e dialogadas”, avalia Juliana.

A coordenadora comenta sobre as expectativas em relação ao projeto Física Fora da Lousa. “Claro que também intencionamos impactar positivamente a longo prazo os resultados obtidos pelos estudantes do município em provas internas e externas. Contudo, o nosso projeto ainda é pequenino, precisa crescer e evoluir. Nesse sentido, esperamos que outros docentes de outras áreas venham somar de modo a torná-lo um programa grande de formação continuada, que envolva outros componentes curriculares”, conclui.

Próximas etapas

No primeiro semestre de 2023 a equipe do IFMG realizará mais duas oficinas de práticas com o grupo de professores de Ciências participantes do projeto. Além de oficinas práticas com alunos das demais escolas que ainda não foram visitadas.

O projeto prevê a geração de alguns produtos para disseminação do conhecimento gerado. “Pretende-se produzir um caderno digital das práticas experimentais desenvolvidas no projeto para disponibilizar aos professores participantes. Está prevista ainda a submissão de um artigo em revista e resumo em evento científico para a divulgação dos resultados”, concluiu a coordenadora Juliana Franco.