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Projeto “Física Fora da Lousa” capacita professores da rede pública municipal
Uma das finalidades dos Institutos Federais, explícita na legislação que os instituiu, é oferecer capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino. Com esse compromisso, o IFMG - Campus Governador Valadares vem desenvolvendo o projeto “Física Fora da Lousa: uma abordagem experimental para o ensino de processos de transferência de calor, radiações e suas aplicações”. A ação extensionista tem como objetivo ofertar oficinas de práticas experimentais a professores da rede pública municipal que lecionam o componente curricular de Ciências para turmas do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental.
De acordo com a coordenadora do projeto, professora Juliana Rodrigues Franco, essa demanda de formação continuada foi apresentada pela Secretaria Municipal de Educação (SMED) de Governador Valadares. Ela relata como se deu a construção da proposta, que conta na equipe com os professores de Física Artur Difini Accioly e Rodrigo Marques de Oliveira. E também com o estudante-bolsista Igor Gabriel Porto, do 2º ano do curso Técnico Integrado em Meio Ambiente, e a estudante-voluntária Lisandra Caroline Barbosa Muniz da Silva, do 3º ano do curso Técnico Integrado em Edificações.
“Após algumas discussões internas no IFMG e com a equipe pedagógica da SMED, nos baseamos em alguns documentos para decidirmos o foco das práticas. A equipe gestora da SMED nos enviou os resultados de uma prova diagnóstica aplicada em turmas do 9º ano e, ao analisarmos, identificamos que questões sobre ‘processos de transferência de calor’ - um conteúdo próprio da Física que é estudado dentro do componente curricular Ciências da Natureza - apresentavam baixa taxa de acertos”, explica Juliana.
Os dois primeiros encontros de oficinas experimentais ocorreram no Polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB/GV), nos dias 21 de setembro e 26 de outubro. Dezoito escolas da rede municipal de ensino foram convidadas; dessas, 13 enviaram docentes para a capacitação. No total foram apresentadas oito práticas, todas utilizando materiais de baixo custo ou reaproveitados. Por exemplo, para demonstrar como se dá a convecção térmica, a equipe realizou a prática “Espiral movido a calor” utilizando apenas papel, vela e linha de costura.
Aprendizado permanente
Professora Alcione Souza ministra as disciplinas de Ciências, Matemática e Educação Financeira na E. M. Monteiro Lobato, localizada na zona rural do município. Para ela, a formação continuada ofertada pelo IFMG é uma oportunidade de aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem. “Decidi participar porque esse tema [Física] é muito importante na aprendizagem dos meus alunos e também por ser complicado para ser repassado. E as práticas apresentadas vão me ajudar a trabalhar [os conteúdos] de forma mais clara. Espero aprender bastante com o projeto”.
Apesar de já lecionar Ciências há 11 anos, Cleiton Waldir de Souza Queiroz reconhece que a busca por novos conhecimentos não pode cessar. “Optei por ingressar nessa formação por já ter participado de outras com a professora Juliana, que sempre tenta trazer a Física de uma maneira mais simples e inovadora para facilitar o ensino em sala de aula. O que achei mais interessante [nas oficinas] é que com materiais simples, do dia a dia, podemos fazer práticas que muitas vezes se fala nos livros didáticos. Assim, com certeza o aluno terá um aprendizado mais sólido e satisfatório”, avalia Cleiton que, atualmente, trabalha na E. M. Vereador Hamilton Teodoro.
Na sequência aos encontros no Polo UAB, a equipe do projeto pediu aos participantes do que marcassem aulas práticas com suas turmas. Em outubro, duas unidades foram visitadas, a E.M. Waldemar Nadil Krenak e a E.M. Professora Rosalva Simões Ramalho, oportunidade em que foram realizados experimentos de física com turmas do 7º ano. No mês de novembro a atividade prática ocorreu na E. M. Octávio Soares Ferreira, com turmas também do 7º ano. A programação de dezembro contemplará a E. M. Padre Eulálio Lafuente.
Desafios e expectativas
Na avaliação de Juliana, vivenciar o projeto sendo aplicado aos estudantes do município, no seu espaço escolar próprio foi muito importante para os docentes-extensionistas do IFMG compreenderem a realidade particular de cada instituição. Como exemplo, cita o caso da escola Waldemar Krenak que, como muitas outras, não tem laboratório didático para o ensino de Ciências. Nesse caso, as práticas foram adaptadas para a sala de aula da turma. Já na escola Rosalva Simões, foi possível realizar as práticas no laboratório de Ciências.
“Considero esse projeto essencial, pois já conseguimos estimular [em escolas participantes] a ocupação de um ambiente próprio para práticas experimentais, que é fundamental para garantir que o espaço não seja demandado para outro tipo de atividade. E, ao mesmo tempo, estamos mostrando que é possível realizar práticas no ambiente comum da sala de aula, variando entre aulas expositivas e dialogadas”, avalia Juliana.
A coordenadora comenta sobre as expectativas em relação ao projeto Física Fora da Lousa. “Claro que também intencionamos impactar positivamente a longo prazo os resultados obtidos pelos estudantes do município em provas internas e externas. Contudo, o nosso projeto ainda é pequenino, precisa crescer e evoluir. Nesse sentido, esperamos que outros docentes de outras áreas venham somar de modo a torná-lo um programa grande de formação continuada, que envolva outros componentes curriculares”, conclui.
Próximas etapas
No primeiro semestre de 2023 a equipe do IFMG realizará mais duas oficinas de práticas com o grupo de professores de Ciências participantes do projeto. Além de oficinas práticas com alunos das demais escolas que ainda não foram visitadas.
O projeto prevê a geração de alguns produtos para disseminação do conhecimento gerado. “Pretende-se produzir um caderno digital das práticas experimentais desenvolvidas no projeto para disponibilizar aos professores participantes. Está prevista ainda a submissão de um artigo em revista e resumo em evento científico para a divulgação dos resultados”, concluiu a coordenadora Juliana Franco.