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O impacto da desigualdade de gênero no ambiente escolar

publicado: 05/12/2019 11h43, última modificação: 17/12/2019 13h07

Alunas e Alunos da turma ADM 1D1

 

Apresentamos a pesquisa realizada por estudantes do Instituto Federal de Ciência [UdW1] e Tecnologia de Minas Gerais - campus Ouro Preto, do curso de Administração (ADM 1D1), sobre a desigualdade de gênero existente no campus. O projeto conta com pesquisas entre os alunos e as alunas, cujos resultados vêm sendo publicados em uma conta da rede social Instagram, criada para esta finalidade. Para a preparação das pesquisas, aconteceram debates e conversas para o entendimento do assunto como um todo. Como o tema se restringe somente a juventude, os questionários foram aplicados somente a alunos e alunas dos cursos do IFMG/OP.

A desigualdade de gênero é um fenômeno social que ocorre quando há discriminação e/ou preconceito devido ao seu gênero. Essa desigualdade está presente muito fortemente no meio profissional, por exemplo, em que pessoas do gênero feminino recebem um salário inferior a pessoas do gênero masculino, mesmo quando exercem a mesma função. Em algumas instituições internacionais, a luta pela igualdade entre os gêneros é vista como luta pelos diretos humanos, uma vez que elas consideram necessário garantir que todos os cidadãos e cidadãs tenham os mesmos direitos.

O gênero pode ser dividido em três níveis: nível sociocultural, no qual o gênero é um sistema de organização social; o nível relacional, em que é um processo dinâmico de representação, e o nível pessoal, sendo um aspecto influenciador da identidade e do comportamento das pessoas.

O feminismo é muito importante na luta contra esse processo, entretanto, é confundido muitas vezes com o femismo, discurso que prega a superioridade das mulheres em relação aos homens, ao contrário do feminismo que acredita na igualdade entre ambos. Por meio do feminismo, as mulheres conseguiram adquirir muitos direitos que eram permitidos somente aos homens, como, por exemplo, o direito ao voto.

A desigualdade de gênero nas escolas é muito marcada, isso se vê nos momentos em que os meninos têm mais atividades esportivas e passam mais tempo nas quadras que as meninas, ou, então, quando meninas com letras não tão legíveis são criticadas e meninos com letras ilegíveis não sofrem tais críticas.

Dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) mostraram que há desigualdade de gênero no desempenho de leitura e matemática, em que as meninas foram muito melhores em leitura e os meninos em matemática. Há também, nas escolas, cantinhos de brinquedos onde há brinquedos específicos para meninos e para meninas, filas específicas para cada gênero, silêncio de professores diante comentários sexistas durante a aula e nas bibliotecas escolares há a indicação de livros românticos para meninas e livros de ação e aventura para meninos.

Essa desigualdade vem causando impactos nos processos de aprendizagem nas escolas, uma vez que os alunos e as alunas são educados de modo a concordar com tais práticas, perdendo de vista o direito à equidade.

Devido a tudo isso, nós, alunos da Administração sala 1D1, promovemos uma pesquisa para entender quais são os impactos dessa educação desigual realizada pelas escolas anteriores e atual, ou seja, o IFMG/OP, nos estudantes aqui presentes.

As pesquisas mostraram que o curso de Edificações foi o que mais se prontificou a responder o questionário, com predomínio do gênero feminino. Foi possível analisar que 59,9% das pessoas que responderam às perguntas já vivenciaram ou presenciaram alguma situação de desigualdade de gênero dentro do ambiente escolar.

Também foi possível registrar que, na opinião dos alunos e alunas, o Instituto Federal promove eventos esportivos direcionados a ambos sexos. Uma porcentagem de 35,2% dos entrevistados já sofreu preconceito no ambiente escolar por não seguir o padrão imposto pela sociedade sobre cada gênero, como, por exemplo, modo de vestir, comprimento do cabelo, etc. Mais de 60% dos alunos não concordam com as políticas de segregação existentes na escola e que observam a predominância de cargos mais altos do IFMG/OP direcionados ao gênero masculino. Entretanto, a maior parte dos alunos disse que acredita na possibilidade de que algum dia possa existir igualdade entre os gêneros dentro da instituição.

Sendo assim, convidamos todos os leitores e leitoras a acompanhar toda a pesquisa na conta do Instagram, divulgada abaixo, para que não somente os pesquisadores da turma ADM 1D1 tenham acesso aos problemas de desigualdade de gênero existentes no campus, mas também toda a comunidade escolar, de modo a fazermos algo para transformar essa realidade.

Acesse: @desigualdade.ifmg.op

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Participe da mesa-redonda "Desigualdade de gênero" promovida pela equipe, que será realizada na próxima quarta-feira, 11 de dezembro, às 9 horas, no auditório da Gestão da Qualidade. O evento terá a participação das professoras do IFMG - Campus Ouro Preto: Elke Pena (CODALIP) e Venúncia Coelho (CODACIS).

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* Produzida por discentes, essa reportagem faz parte de uma série especial sobre o impacto das desigualdades na juventude de Ouro Preto, orientada pela pelo professor de Língua Portuguesa Paulo Ricardo Moura.

 Os dados e aopiniões aqui expressos são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as políticas ou opiniões da Instituição.

Para conferir todas as publicações da série, acesse: Especial Juventude Ouro-pretana