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Memória e Identidade nas receitas tradicionais de mulheres negras de Ouro Preto

O alimento constitui uma categoria histórica, pois os padrões de permanência e mudanças dos hábitos e práticas alimentares têm referências na própria dinâmica social. Alimentar-se é um ato nutricional, comer é um ato social, pois constitui atitudes ligadas aos usos, costumes, protocolos, condutas e situações. A historicidade da sensibilidade gastronômica explica e é explicada pelas manifestações culturais e sociais como espelho de um período e que marcam uma época. Este projeto tem como finalidade pesquisar e registrar as receitas tradicionais da cultura ouro-pretana e de seus distritos visando evitar que ocorra o desaparecimento de técnicas e hábitos utilizados por mulheres negras que nasceram até a metade do século XX, recuperar preparos de alimentos e receitas que são pouco reproduzidos ou que já não são reproduzidos e trazer à tona receitas que são mantidas apenas na memória ou livros de receitas particulares e antigos, o presente projeto se justifica por buscar abranger quais os alimentos, métodos de cocção e formas de utilização dos alimentos de outras regiões tornaram-se parte da cozinha regional ouro-pretana. Tende por buscar a construção de registro da memória gastronômica e identitária, possibilitando a difusão do conhecimento culinário e impedindo que esse seja perdido ao longo do tempo. O projeto será registrado através de um caderno de memórias, uma maneira de salvaguardar a identidade das mulheres envolvidas e da comunidade, a coleta consistiu em entrevista não estruturada e observação. Para desenvolver as entrevistas foi usada a amostragem em bola de neve (snowball sampling), e estão sendo feitas análises de cada fato construído através de cada pessoa a fim de criar um perfil de relação entre elas. Além da análise das receitas, comparando com suas produções atuais, observar se há mudança de ingredientes e ressaltar a utilização por completo dos produtos, principalmente os regionais. Foi identificado através das visitas que tudo o que era consumido pelos entrevistados veio a partir de hortas cultivadas pelos seus pais. Nenhuma das entrevistadas possui livros/cadernos de receita e tudo o que aprenderam está se perdendo, pois os filhos/netos não demonstram interesse em aprender os hábitos utilizados antigamente. Todas as famílias obtinham o alimento através da troca de mercadorias com outras famílias, pratica que hoje não é nada comum.


Palavras-chaves: Alimentação; Identidade; Registro.

Bolsistas: Ana Letícia Ferreira da Silva, Bárbara Luiza dos Santos, Bruna Veloso Trindade, Carina Marina Moreira, Gabriela Cristina Ferreira da Silva, Lucas Junior Ferreira Barbosa, Matheus Pereira Gelmini e Petterson Augusto Nunes.

Orientador: Luanda Batista Demarchi dos Eventos