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Iguais nas diferenças: IFMG amplia atendimentos a alunos com necessidades específicas

Nos últimos anos, o Instituto mais que dobrou o acompanhamento a este público, com a estruturação dos Núcleo de Atendimento em todos os campi
publicado: 14/07/2023 09h37, última modificação: 14/07/2023 10h09

 O IFMG encerra o primeiro semestre letivo de 2023 com o maior número de acompanhamento a alunos com necessidades educacionais específicas já registrado, oficialmente, na Instituição. Nos últimos quatro anos, o Instituto viu crescer em 170% o número de casos identificados de deficiências, transtornos, síndromes e outras condições que demandam articulação institucional para acolhimento e permanência. A ampliação reflete a estruturação dos setores responsáveis por estes acompanhamentos, como os Núcleos de Atendimento aos Estudantes com Necessidades Educacionais Específicas (Napnee), hoje presentes em todos os campi.

A partir do acolhimento inicial, em conjunto com o estudante, sua família e a equipe multidisciplinar do campus, o IFMG realiza a avaliação de cada situação e a elaboração dos procedimentos a serem adotados para viabilizar a permanência e o processo formativo. Atualmente, estão sendo oficialmente acompanhados 275 alunos, nas 18 unidades acadêmicas do IFMG. Mais de 60% dos casos são referentes a estudantes de cursos técnicos - quase em sua totalidade, técnico integrado.

"Notar seu brilho no olhar quando estão compreendendo uma matéria, vê-los com amigos, é o que nos leva a fazer nosso trabalho com tanto amor."
Júlia Miranda

A identificação dos casos ocorre nos campi, dentro de um limite de atuação e resposta que é essencialmente educacional, não clínico, conforme enfatiza a responsável pelo setor de Políticas Inclusivas da Diretoria de Assuntos Estudantis, Aline Cristina Viana. “Não diagnosticamos necessidades educacionais específicas. Temos algumas vias de identificação da necessidade de um trabalho didático e pedagógico diferenciado, sempre com foco educacional e não clínico”, esclarece. Essa identificação pode se dar no ato da matrícula, quando o candidato preenche o formulário específico e indica a necessidade de atendimento específico; posteriormente, quando o próprio estudante ou a família apresentam a demanda à escola; e, ainda, quando servidores, em especial docentes, membros ou não do Napnee, observam, na relação e no convívio diários, alguma necessidade de estratégia educacional de apoio ao processo ensino-aprendizagem.

De acordo com o levantamento mais recente, a maior prevalência é de transtornos como Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Espectro Autista (TEA). Associados ou não a outras condições, eles contabilizam cerca de 45% dos casos. Também há muitos acompanhamentos devido a depressão e ansiedade. No âmbito de deficiências físicas, destacam-se casos relacionados a baixa visão, seguidos daqueles relativos a perdas auditivas e dificuldades motoras.

Para a coordenadora do Napnee do Campus Bambuí, Júlia Miranda, um dos grandes desafios é trabalhar com a dimensão da diversidade. “Podemos ter várias pessoas com o mesmo diagnóstico e o jeito que vamos lidar cada um é diferente”, explica. O Campus Bambuí, talvez por ser um dos maiores, é o que concentra mais casos. “O grande número de pessoas também é um dificultador, mas penso que isso reflete um ponto positivo do IFMG, que abre as portas para essas pessoas. Elas encontram na Instituição um ambiente onde têm oportunidade de acesso a um ensino de qualidade, com acompanhamento", reflete.

"A cada dia estamos entendendo melhor a importância da frase ‘nada sobre nós, sem nós’'. A principal fonte de informação para nossa ação educacional com os estudantes com necessidades educacionais específicas são eles próprios".
Aline Viana

E acompanhar caso a caso o desempenho dos alunos é o “combustível” que move a equipe. “Vê-los evoluindo, ainda que com algumas dificuldades, notar seu brilho no olhar quando estão compreendendo uma matéria ou vão bem em uma prova, vê-los com amigos, aproveitando todas essas oportunidades que o ensino proporciona, é o que nos leva a fazer nosso trabalho com tanto amor”, conclui Júlia.

Atendimento especializado

Aline Viana aponta o trabalho fundamental dos Napnees para a organização geral das ações que hoje compõem a Política Institucional de Inclusão do IFMG. “A política ainda em construção e, sendo um processo vivo, deve continuar sendo atualizado e intensificado em conformidade com as demandas apresentadas pelos campi”, explica. São os Napnees que alimentam a Reitoria de informações cruciais para a compreensão dos diversos e distintos contextos encontrados em cada unidade. “E é especialmente a partir das situações nos campi, sinalizadas pelos Núcleos, que o IFMG se organiza e orienta o acompanhamento desses estudantes, embasado também, claro, nas demais regulamentações institucionais e nas normativas nacionais de inclusão”, detalha Aline, acrescentando que o contato entre a equipe das Políticas Inclusivas, na Reitoria, e as respectivas coordenações locais ocorre continuamente.

No total, a Instituição conta com, em média, 50 profissionais para atendimento a este público. Fazem parte deste quadro, entre efetivos e contratados, tradutores e intérpretes de Libras, profissionais de atendimento educacional especializado (AEE), além de bolsistas de apoio. Para além da atuação desses profissionais específicos, a abordagem adotada pelo Instituto acaba levando a um envolvimento amplo da comunidade acadêmica. “Os professores, em sua maioria, são muito abertos ao diálogo e se esforçam para adaptar as atividades. Também os pedagogos estão sempre próximos dos alunos, além do pessoal da Assistência Estudantil, a psicóloga, e muitos servidores que se envolvem para solucionar situações do dia a dia desses estudantes", conta Júlia Miranda.

Aline Viana menciona, ainda, o papel dos próprios alunos. “A cada dia estamos entendendo melhor a importância da frase ‘nada sobre nós, sem nós’, afinal, a principal fonte de informação para nossa ação educacional com os estudantes com necessidades educacionais específicas são os próprios estudantes, que possuem vivências e experiências anteriores, devendo participar dessa construção”, pondera. 

Número de estudantes com necessidades educacionais específicas matriculados no IFMG, por ano
2020: 102 estudantes
2021: 158 estudantes
2022: 204 estudantes
2023: 275 estudantes

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