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Campus Ribeirão das Neves encerra Comemoração do mês da Consciência Negra com visita ao Muquifu

publicado: 20/12/2024 11h57, última modificação: 20/12/2024 17h10

O IFMG, campus Ribeirão das Neves, encerou a comemoração da IV Semana Integrada da Consciência Negra. Este ano, o tema escolhido foi “Territórios, Saberes, Ancestralidade e Tecnologias Sociais: experiências negras na e da Educação”. O evento, aberto à toda comunidade do IFMG e comunidade externa, contou com diversas
atividades.

Em Neves, a abertura foi no dia 11 de novembro, com a roda de conversa “Sementes para superar o cimento: diálogos sobre territórios e re-existências”, com o convidado Fabrício Potiguara, estudante de arqueologia na UFMG. Fabrício conversou com o público sobre sua trajetória e convidou os presentes a refletir sobre a importância da preservação da memória e sobre a relação com o território. O estudante, que fez referências à Célia Xakriabá, Ailton Krenak, Nego Bispo, provocou o público a pensar sobre o autorreconhecimento e pertencimento racial, além de sua relação com a cidade e tudo o que há nela, desde seus estigmas às suas potencialidades. Para ele, “o corpo é
terra e a terra é corpo”, uma visão indígena de corpo-território, que, em linhas gerais, remete à corporeidade como objeto e sujeito de resistência.

No dia 12, a escritora Andreia de Jesus e o artista Rodolfo Ataíde participaram da roda de conversa “Arte e Cultura: vida e vivências em Ribeirão das Neves”. Andreia falou sobre a infância em Neves e como a escrita pode ser uma forma de resistência, que ressoou com Rodolfo, um dos fundadores do Coletivo Semifusa, que falou sobre a potência das narrativas sobre a cidade, que precisa “inverter a lógica de que moramos no pior lugar do mundo”.

No mesmo dia, a professora Giovanna Soalheiro desenvolveu a oficina “Alimentação vegana: um olhar racializado sobre nossa cultura alimentar”. Além de degustar um delicioso quibe vegano e de aprender a base de algumas receitas, os participantes puderam desmistificar algumas crenças sobre a comida vegana e ainda refletir sobre questões relacionadas ao acesso aos alimentos, aos tipos e condições de alimentação da população brasileira, que divergem quando olhados pelas lentes de classe, gênero e, em especial, de raça.

No dia 13, a programação começou na parte da manhã com a oficina “Beleza afro: maquiagem e colorimetria para peles negras”, conduzida pela estudante do curso de eletroeletrônica e maquiadora Andressa Oliveira. No horário do intervalo, o egresso do curso de eletroeletrônica Gabriel Togau e convidados agitaram o auditório com uma
batalha de rap. No período da tarde, a professora e escritora Carolina Oliveira e o diretor criativo Wesson participaram da roda de conversa “Imagem, autoestima e economia da atenção”, com a condução da psicóloga Listhiane Ribeiro. Foi um dia de olhares intensos para a negritude, para o corpo estético e político, para o reconhecimento e pertencimento.

No dia 14, a terapeuta capilar Maressa Sousa, que no ano anterior fez o lançamento de seu livro “Doutora Cachinhos em: nós de fada”, deu uma oficina de penteados para cabelos afro, com o objetivo de estimular a criatividade, o desenvolvimento de habilidades manuais, além de ampliar a compreensão cultural, histórica e política dos cabelos. No mesmo dia, durante o período noturno, os convidados Cesar Andrade, João Paulo Xavier e a diretora do campus, Maria das Graças Oliveira, participaram de uma roda de conversa com o tema “Questões raciais no Brasil: conhecer, entender e lutar.”

No dia 19 de novembro, as estudantes Emanuelle, Rayane e Franthiesca, do curso de administração, organizaram uma edição especial do Karaokê do Intervalo, com artistas negros. As estudantes decoraram o auditório com imagens de cantores e cantoras da cena nacional e internacional, do passado e do presente, que dialogam com o público jovem. 

A celebração finalizou no dia 11 de dezembro, com uma visita inesquecível ao Muquifu (Museu dos Quilombos e Favelas Urbanos), um museu comunitário localizado próximo ao aglomerado Santa Lúcia, que preserva a memória racializada de Belo Horizonte e seus moradores. Segundo os estudantes que participaram da visita, o Muquifu é “um museu tão diferente e cheio de significado” (Carla, 1º ano de informática), ajudou a “desconstruir uma visão padronizada dos museus tradicionais” (Fabrício, 1º ano de informática) e “estar em um local que simboliza a luta de resistência das comunidades periféricas de Belo Horizonte foi algo [comovente]” (Alana, 2º ano de administração).
“O lugar tem história em cada parte que a gente olha” e a exposição “o quarto do despejo” foi a que mais emocionou, pois “os relatos e frases são muito tocantes e saber que várias mulheres ainda têm aquele cômodo como realidade é revoltante” (Rayka, 2º ano de administração).

O NEABI (Núcleo de estudos afro-brasileiros e indígenas), que esteve à frente da organização do evento, agradece aos colaboradores Aline Sima (Coordenadora de Extensão), ao motorista Carlinhos, à secretaria do gabinete, às equipes do DAP, NAE e aos docentes que estiveram presentes.

O coletivo também agradece à equipe da direção por compreenderem a importância de contribuir para o desenvolvimento de atividades junto à comunidade escolar e comunidade externa, na tentativa de fomentar as leis no 10.639/03 e 11.645/08, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e
Indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e particulares.

Ao mesmo tempo, em nome do pedagogo Agnaldo Sousa (coordenador do NEABI) e do prof. Rafael Barcellos, o NEABI agradece a todos os seus integrantes por contribuírem, durante o ano inteiro, com discussões de temáticas relacionadas à formação da sociedade brasileira e contribuições histórico-culturais da população negra, articulando passado, presente e futuro.

Para maiores informações, o NEABI está nas redes sociais @neabirn e no email: neabi.neves@ifmg.edu.br.
Ubuntu! 

Confira as fotos do Mês da Consciência Negra