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Samba, Cabelo e Resistência na III Semana Integrada da Consciência Negra do IFMG
O IFMG Campus Ribeirão das Neves participou da III Semana Integrada da Consciência Negra. Com atividades em 12 campi e também na Reitoria do IFMG, o tema do evento deste ano foi “Cotas para quê? Cotas para quem? A construção de uma política institucional antirracista” e teve participação de toda comunidade do IFMG e comunidade externa.
Em Neves, a abertura do evento foi no dia 21 de novembro, com a palestra “Os desafios de ser um corpo negro na política”, com a deputada estadual Andréia de Jesus. A palestra aconteceu no período noturno e contemplou os estudantes dos cursos de nível superior da Instituição. A deputada falou sobre sua trajetória de vida, iniciada nas pastorais da igreja católica, até a câmara dos deputados, comentou sobre os desafios de ser uma pessoa negra em um ambiente majoritariamente branco e masculinizado, além de pontuar as consequências do racismo estrutural existente na sociedade brasileira e as lutas do povo negro para a superação do mesmo.
No dia 23, o músico Ivan Souza palestrou sobre a História do Samba e falou sobre o protagonismo feminino na trajetória de resistência do povo negro através da música. Ivan, que perdeu a mãe aos 13 anos, disse que foi acolhido pelo Samba, que o resgatou das mazelas do racismo estrutural. Durante o horário de almoço, Ivan se juntou aos músicos Wanderson Santos Silva e Álvaro Ferreira Alves e animou o público com uma roda de samba que “fez a poeira levantar”.
No dia 25, a Semana Integrada se fez presente na programação do IIº Festival de Arte e Cultura do Campus, através do Concurso “Filme de Minutos: Pessoas e Personalidades Negras” e da exibição, votação e premiação dos curtas produzidos. Foram premiados os curtas “A Importância das Religiões de Matriz Afrodescendente para a Resistência Negra” e “Infocast: Entrevista sobre Elza Soares”.
No dia 27, a terapeuta capilar Maressa Sousa fez o lançamento de seu livro “Doutora Cachinhos em: nós de fada” e integrou a roda de conversa “Conversas para desatar nós (de fada)”. Com a participação das servidoras Karine Alvarez e Sandra Souza, além de integrantes do NEABI e estudantes do ensino médio integrado, Ana Júlia Souza, Anny Gomes, Izabelle Malaquias e Julia Torres. As histórias compartilhadas ajudaram o público a refletir sobre os cabelos crespos, desde seus estigmas, com histórias sensíveis, até o seu uso (alisado, natural, com tranças ou outros penteados) como instrumento de resistência, luta política e melhora da autoestima. Maressa ainda deu uma oficina de tranças nagô, com o objetivo de estimular a criatividade, o desenvolvimento de habilidades manuais, além de ampliar a compreensão cultural, histórica e política dos cabelos.
Agradecemos aos colaboradores Diego de Melo, David Franco, Aline Sima (atual Coordenadora de Extensão), às equipes do DAP, NAE e à direção por compreenderem a importância de contribuir para o desenvolvimento de atividades junto à comunidade escolar e comunidade externa, na tentativa de fomentar as leis no 10.639/03 e 11.645/08, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e particulares.
Ao mesmo tempo, em nome do pedagogo Agnaldo Sousa e do prof. Rafael Barcellos, agradecemos a todos os integrantes do NEABI (passados e presentes) e à professora Juliana Ventura, junto ao NEABI central, por contribuírem, durante o ano inteiro, com a contextualização de temáticas relacionadas à formação da sociedade brasileira e contribuições histórico-culturais da população negra, articulando passado, presente e futuro. Ubuntu!