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Estudo revela que 90% das cidades mineiras não têm leitos de UTI
Em meio a um cenário de pandemia ocasionada pelo novo coronavírus, uma série de mapas impactantes revelam um cenário preocupante quanto à infraestrutura do sistema de saúde em Minas Gerais. Por meio de representações cartográficas, Jairo Rodrigues Silva, professor de Geografia do Campus Ouro Preto, retratou como se dá a distribuição de leitos de UTI por município em todo o estado, incluindo macro e microrregiões (acesse mapas das microrregiões abaixo).
A pesquisa, que foi iniciada no final de março e ainda está em andamento, revela que aproximadamente 90% das cidades mineiras não possuem leitos de UTI (o mínimo recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de 1 a 3 leitos para cada 10.000 habitantes). As trágicas consequências da ineficiência do sistema de saúde de diversos países, inclusive daqueles cuja infraestrutura é superior à do Brasil, motivaram o pesquisador a se aprofundar sobre a realidade mineira.
O impacto visual foi um grande aliado, gerando repercussão imediata da série de mapas em redes sociais e fazendo com que a pesquisa recebesse, também, a atenção de veículos de comunicação. “A representação cartográfica dos dados permitiu à mídia e à população melhor compreensão da distribuição dos leitos de UTI no estado, incluindo as cidades que possuem melhor infraestrutura, proporcionando a possibilidade de cobrança por melhorias, principalmente dos representantes do poder público. Creio que já trouxe algumas contribuições e ainda poderá trazer muitas outras, principalmente por se tratarem de informações importantes, mesmo a longo prazo”, afirma o professor.
Além de servir de alerta para a sociedade quanto à importância de se adotar medidas de combate à Covid-19 evitando-se, assim, a sobrecarga do sistema de saúde, o estudo também pretende contribuir com o poder público no processo de planejamento e gestão. “A preocupação é com um possível aumento do número de casos de forma rápida e acentuada, que pode acarretar maior demanda com relação às UTIs. Espera-se que novos leitos sejam implantados e que medicações eficazes sejam descobertas, testadas, analisadas e utilizadas, reduzindo esta demanda. Mas é importante ressaltar que o aumento do número de leitos está relacionado à necessidade de melhoria na qualidade do atendimento à população, não restritamente durante a pandemia. Alguns discursos políticos ignoram que o país está distante de oferecer o número mínimo de leitos de UTI proposto pela OMS”, destaca.
Abaixo é destacada a situação da disponibilidade de leitos de UTI na Microrregião de Congonhas.
Situação regional
Representações cartográficas das microrregiões onde há unidades do IFMG também foram elaboradas por Silva, demonstrando que, ainda que alguns municípios disponibilizem leitos de UTI, estes ficariam sobrecarregados diante do aumento da necessidade de atendimento da população das cidades vizinhas. Com o andamento da pesquisa, outros mapas têm sido gerados a partir da obtenção de novos dados, de forma a detalhar todo o estado de Minas Gerais.
O estudo utiliza dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde disponibilizado pelo Ministério da Saúde; do Plano Diretor de Regionalização da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais; da Organização Mundial de Saúde; e IBGE (dados de 2019). O levantamento considera Unidades de Terapia Intensiva adulto, pediátrica, coronariana e para atendimento de queimados, desconsiderando-se, apenas, a neonatal.
Sobre o pesquisador
Jairo Rodrigues Silva é professor do curso de Geografia do Instituto Federal de Minas Gerais - Campus Ouro Preto e possui experiência de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de cartografia, sensoriamento remoto, sistemas de informações geográficas, meio ambiente e geografia.
Mapas para download
NA MÍDIA
A pesquisa “Análise espacial da distribuição dos leitos de UTI nas microrregiões e macrorregiões do estado de Minas Gerais” foi pauta de telejornais e portais de notícia locais e estaduais. Confira:
Portal G1 - clique aqui e aqui
TV Globo - assista aqui e aqui
TV UFOP - assista aqui
Fonte: Assessoria de Comunicação Campus Ouro Preto