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HOLOCAUSTO BRASILEIRO: LOUCURA, SANIDADE E OUTROS DESVARIOS

por marcio.pires publicado 10/10/2025 14h45, última modificação 10/10/2025 14h55

Professores: Mariana Schuchter Soares, Sintia Soares Helpes e Isadora Maria Miranda Guedes

Você sabia que uma das maiores tragédias humanas ocorridas no Brasil, durante o Século XXI, foi em uma cidade aqui do lado? A cerca de 70 km de Conselheiro Lafaiete? Barbacena foi a cidade onde ocorreu aquilo que ficou conhecido como “Holocausto Brasileiro”. O Hospital colônia de Barbacena prometia ser um espaço de cura e acolhimento para pessoas que sofriam de problemas psiquiátricos, mas, na prática, foi um campo de extermínio disfarçado. Estima-se que entre os anos 1930 e 1980, mais de 60 mil pessoas morreram no Hospital. Eletrochoques sem anestesia, lobotomias, duchas escocesas, isolamento e contenção física eram práticas comuns do hospital. Embora fosse projetado para 200 pacientes, o hospital chegou a ter cerca de 5000 internos vivendo em condições desumanas. Foram décadas de violência, torturas e negligência, até o fechamento do hospital na década de 80. Apesar de chocante, esta história foi silenciada e só ganhou maior visibilidade em 2013, com o livro “Holocausto Brasileiro” da jornalista Daniela Arbex. Com uma investigação profunda, ela contou a história de muitas vítimas. Pessoas pobres, mulheres que engravidavam fora do casamento, homossexuais, epiléticos, alcoólatras e até tímidos eram internados como "loucos" e lá dentro eram vítimas de tortura institucionalizada e até de tráfico de cadáveres. A autora usa o termo “holocausto” para mostrar que o que aconteceu ali foi um extermínio sistemático de pessoas vulneráveis, com a conivência do Estado e da sociedade. O livro venceu diversos prêmios e inspirou um documentário e uma série. Nosso projeto “O Holocausto Brasileiro: Loucura, sanidade e outros desvarios” tem o objetivo de não deixar essa memória se apagar. Contar nossa história é importante para que a população a conheça, mas também para que casos como este não se repitam. Durante décadas, o sofrimento psiquiátrico foi tratado com isolamento, contenção e abandono, mas, após décadas de luta antimanicomial, a Lei 10.216 foi um marco da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Esta lei estabelece que os pacientes psquiátricos devem ser tratados com dignidade e respeito e que a prioridade deve ser inseri-los na sociedade e não isolá-los em internatos. Apesar da existência da lei, ainda temos muitos desafios na implementação de políticas públicas inclusivas."