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Confinamento da Intimidade: um convite ao cuidado nas relações

publicado: 13/08/2020 17h52, última modificação: 13/08/2020 17h52

O confinamento por conta do coronavírus modificou completamente as relações interpessoais. O isolamento intensificou a convivência com os familiares em casa e, consequentemente, trouxe um grande desafio no equilíbrio das emoções e na capacidade de diálogo. Desde o início da pandemia, em março de 2020, o Núcleo de Psicólogos e Psicólogas do IFMG (NUPSI) tem lançado uma série de conteúdos de apoio psicológico e formas de lidar com as emoções e o stress que o momento tem causado.

Nessa semana, o psicólogo Carlos Guilherme Cristelli Soares, do Campus Sabará, aborda um tema importante: o confinamento da intimidade. Confira o texto abaixo:

A maioria de nossos estudantes e profissionais, apesar de distantes entre si do espaço comum que os unia, estão compartilhando o mesmo espaço com familiares por um tempo muito maior que estavam acostumados. Nesses meses de convívio mais intenso já pode ter havido muitas risadas, discussões, choros, angústias, frustrações, descobertas, entre outras emoções. São ações e pensamentos que nos têm levado a entrar mais em contato com a intimidade das relações que estão presentes no espaço de casa.

Como lidar com tudo isso que acontece no novo cotidiano da pandemia? Algumas pessoas podem ter se ajustado rapidamente e encontrado formas diversas para lidar com o momento de maneira produtiva e menos impactante, outras ainda estão tentando colocar a vida nos eixos, experimentando e buscando alternativas para esse período. Em ambos os casos é preciso olhar para si. É só entrando em contato com quem eu sou e em como tenho experimentado esse novo mundo, que consigo me movimentar e dar para esse momento uma forma que seja minha, acessando o que meu corpo e minha mente precisam de verdade.

É nesse contato comigo mesmo que consigo colocar para o outro, tão mais próximo agora, o que eu de fato preciso na minha relação com ele. É olhando para mim que eu consigo também olhar para o outro que está comigo e que também pode estar sofrendo nesse momento de confinamento. Muitas vezes não sabemos como nos comunicarmos sobre o que necessitamos, fazendo isso de um modo que machuca, cria atritos e gera conflitos. Nessa questão é importante sempre refletirmos: como eu tenho ouvido o outro nesse momento de intimidade quase que obrigatória? Faço isso de um modo respeitoso, buscando entender o que ele quer dizer? Faço com raiva porque a relação com essa pessoa já está desgastada e eu não quero mais ouvi-la? Faço com medo porque a forma dela se comunicar é violenta demais? Faço de modo indiferente porque tenho me preocupado com outras coisas?

De toda forma, para ouvir bem e emprestar meu ouvido para escutar ao outro eu preciso acessar o que sinto nessa relação e no momento em que ouço. É compreendendo o que se passa em mim que consigo encontrar com o outro de forma mais completa. É colocando o que sinto e descrevendo o que me faz sentir daquela forma, que consigo expor minhas necessidades respeitosamente.

É um movimento difícil ainda mais quando a outra pessoa também não sabe ouvir, mas alguém precisa começar a modificar essa relação confinada que pode estar desgastada. Enquanto o outro não muda, os primeiros passos podem ser seus. Você acha que consegue mudar a sua forma de ouvir a si mesmo e ao outro e de se expressar? Talvez a sua mudança seja um convite à mudança do outro! Podemos estar juntos nessa! Vamos tentar?

Veja seis dicas para melhorar as relações interpessoais durante o isolamento social:

1 - O confinamento por período mais prolongado pode gerar uma intensificação de atritos e descobertas nas relações consigo próprio e com o outro;

2 - É importante que cada pessoa consiga acessar os próprios sentimentos e pensamentos para dar uma tonalidade própria a esse momento;

3 - É identificando o que se passa comigo que consigo me comunicar melhor com o outro, expondo minhas reais necessidades;

4 - É importante, também, reconhecer que o período é delicado ao outro, que também pode estar sofrendo;

5 - Para ouvir bem, é preciso reconhecer como a fala do outro impacta em mim, quais sentimentos são gerados e como essa comunicação poderia mudar para melhorar a relação;

6 - Mudar é sempre difícil, mas é preciso tentar. Talvez a sua mudança seja um convite à mudança dos outros, podemos estar juntos nessa! Vamos tentar?

Autoria: Carlos Guilherme Cristelli Soares, em colaboração com o Núcleo de Psicólogos do IFMG (NUPSI).

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