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IFMG implanta oito usinas fotovoltaicas e entra na era da energia renovável

Com produção diária de 150kw/h por unidade, meta do Instituto é economizar R$160 mil anualmente em despesas de energia elétrica
publicado: 28/03/2017 09h56, última modificação: 26/03/2024 14h54

Imagine, em um ano, uma redução de 160 mil reais em despesas administrativas para o pagamento de energia elétrica no IFMG? A Instituição está dando um enorme passo rumo à sustentabilidade: trata-se da implantação das usinas fotovoltaicas dedicadas à geração de energia.

Há atualmente, no Instituto, oito usinas implantadas, localizadas nos campi Bambuí, Formiga, Ribeirão das Neves, Betim, Ouro Preto, Congonhas, Governador Valadares e São João Evangelista. Os critérios para escolha das localidades incluíram, principalmente, o nível de incidência solar e a infraestrutura mínima necessária. Além disso, as usinas foram agrupadas por região, de modo que haja dois campi contemplados em cada uma delas.

Mas afinal, o que é uma usina fotovoltaica?

É um sistema capaz de gerar energia elétrica por meio da radiação do sol. Em termos gerais, funciona da seguinte forma: a energia solar incide sobre os painéis fotovoltaicos que, instalados estrategicamente (em sua maioria, em telhados), são responsáveis por captar e transformar essa energia em energia elétrica.

As placas solares estão ligadas umas às outras e têm como função converter a energia solar em energia elétrica contínua. Para que esta possa ser utilizada, as placas são conectadas a um inversor, que converte a energia elétrica contínua em alternada, podendo, assim, ser utilizada no próprio local de geração. O excedente é distribuído pela concessionária (já que todo o sistema está conectado à rede). Nos locais onde há usinas instaladas, há um medidor de grandezas elétricas, popularmente conhecido como “relógio”, encarregado de medir tanto a energia advinda da distribuidora quanto aquela que é gerada localmente (medidor bidirecional). A grande vantagem do sistema é a redução da quantidade de energia que é comprada.

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Assista ao vídeo sobre as usinas fotovoltaicas do IFMG

Como tudo começou?

O processo licitatório para aquisição das usinas no Instituto foi possível por meio de adesão a um pregão do IF do Rio Grande do Norte, em outubro de 2015, após análise interna da viabilidade de implantação. A iniciativa, tanto no IFMG quanto em outros IFs, é monitorada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) que, em 2015, emitiu portaria aos órgãos da administração pública, ressaltando a necessidade do estabelecimento de boas práticas de gestão e uso de energia elétrica e água.

Em consonância com o MPOG, em agosto de 2016 houve a criação, no IFMG, da Comissão Interna de Eficiência Energética – CIEE (Portaria nº 1003), para o desenvolvimento de ações destinadas ao uso racional de energia elétrica. Os recursos financeiros para a instalação das usinas, de aproximadamente R$ 192 mil para cada uma, são provenientes da Reitoria.

A empresa responsável pela implantação das usinas é a Alsol Energias Renováveis S.A. Pelo contrato, também está prevista a capacitação técnica dos envolvidos, tanto nos campi quanto na Reitoria do IFMG. Até o momento, estão habilitados o presidente da CIEE e diretor-geral do Campus Ribeirão das Neves, Charles Diniz; e o coordenador de Manutenção Institucional do IFMG, Nagem Sabbagh. Nos oito campi em que há os sistemas fotovoltaicos, estão sendo feitos estudos para direcionar equipes tanto para acompanhamento operacional e pesquisa quanto para manutenção desses sistemas de geração de energia. Os treinamentos serão realizados pela Alsol e estão previstos para o mês de abril.

O pró-reitor de Administração e Planejamento do IFMG, Leandro Antônio da Conceição, afirma que, além de treinar os servidores para operar os equipamentos, a empresa “está interessada em parcerias para cursos na área, devido à carência de mão de obra qualificada no mercado de trabalho”, explica.

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Acima, da esquerda para a direita: Campus Governador Valadares, Campus Congonhas, Campus Ouro Preto e Campus Bambuí.

Geração de energia e sustentabilidade

De acordo com Charles Diniz, cada usina tem vida útil de, aproximadamente, 25 anos de produção. Porém, esse período pode se estender caso haja operação e manutenção corretas do equipamento. Ele explica que o tempo necessário para que o investimento aplicado possa ser recuperado gira em torno de sete a sete anos e meio, em condições ambientais favoráveis, tais como temperatura ideal e índice de radiação solar.

“Nos locais onde o índice solarimétrico é maior e onde existem menos nuvens, há maior incidência solar. Sobre a temperatura do ambiente, é preciso ressaltar que a ideal gira em torno dos 25 graus. Temperaturas muito acima desse valor podem provocar perdas significativas: aquecimento das placas, aumento da temperatura dos condutores e também do transformador e inversor, sendo que, no limite, podem até desligar a proteção do sistema de geração”, destaca Nagem Sabbagh.

Nos campi, como o medidor presente nas usinas é bidirecional, é possível verificar tanto a energia gerada pelos sistemas fotovoltaicos quanto a consumida. “Caso consigamos gerar uma quantidade maior do que o consumido, o excedente ficará como crédito para a Instituição, em um prazo de até cinco anos para utilização. Isso porque a legislação brasileira ainda não permite a comercialização desse excedente”, esclarece Charles. Vale destacar que é possível utilizar tal quantitativo de um campus para outro, caso o CNPJ cadastrado na concessionária seja o mesmo.

"Tendo em vista que as características e finalidades do IFMG são fortemente voltadas para tecnologia e inovação, é primordial a busca por estratégias e ações que visem a sustentabilidade."

A expectativa, ainda segundo Charles, é a de que o IFMG alcance, em breve, a autossuficiência em geração de energia elétrica, devido às ações em andamento da CIEE. Para ele, a economia é fator preponderante para a iniciativa: “se, em média, uma usina gera 150kw/h por dia – a depender das condições climáticas e regionais – teremos, por ano, uma economia em torno de R$ 20 mil reais em cada uma delas. Ainda geramos pouca energia, mas pretendemos avançar nesse sentido”, sinaliza. Ele acrescenta, ainda, que a Setec/MEC acaba de lançar um programa (EnergIF), que pretende apoiar as iniciativas dos IFs para implementação desse tipo de projeto.

Para Nagem, a vantagem mais significativa é que a energia gerada pelo sistema fotovoltaico é limpa e 100% renovável, além de ser livre de gases causadores do efeito estufa. “É um passo grande e importante para alcançarmos não só a eficiência energética como também a sustentabilidade em nossa Instituição”, acentua.

“A implantação das usinas de energia fotovoltaica representa uma nova porta de acesso à pesquisa, formação de mão de obra e, consequentemente, redução de gastos para o Instituto. Essa ação também é estratégica, pois visa à sustentabilidade energética de todas as instalações do IFMG”, aponta o pró-reitor, Leandro. Ele acrescenta que a iniciativa faz parte do esforço da atual gestão para a promoção de boas práticas, como determina a portaria do MPOG.

De acordo com o reitor do Instituto, Kléber Gonçalves Glória, “tendo em vista que as características e finalidades do IFMG são fortemente voltadas para tecnologia e inovação, é primordial a busca por estratégias e ações que visem a sustentabilidade". "Nesse sentido, uma das principais ações consiste no investimento em energias renováveis, através do programa de implantação de usinas de geração fotovoltaicas”, completa.

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Acima, da esquerda para a direita: Campus São João Evangelista,Campus Formiga, Campus Betim e Campus Ribeirão das Neves.

Economia revertida em ações

Ainda não há, segundo Charles, definições precisas quanto à aplicação dos recursos financeiros proporcionados pela economia no consumo de energia elétrica – a partir da geração própria no IFMG. “Ainda estamos na fase inicial do processo, mas, em longo prazo, é possível pensar em reverter o orçamento para projetos que envolvam, sobretudo, ações ligadas ao ensino, à pesquisa e à extensão. Está sendo discutida, inclusive, a criação de um centro de treinamento em energia solar para a formação de mão de obra e realização de estudos na área”, finaliza.

Curiosidades...

• As usinas geraram, até a publicação dessa reportagem, quase 40 mil kWh. Isso daria, por exemplo, para manter 250 residências por um mês, se for considerado o consumo médio brasileiro.
• Cada usina ocupa uma área aproximada de 180m2 dos telhados dos campi.
• Existem, hoje, cerca de 110 paineis fotovoltaicos em cada uma das usinas. A potência de cada usina, considerando-se o ponto máximo de capacidade, está entre 25 kWp e 28kWp (Kilowatt pico).
• Todas as usinas foram instaladas sobre telhado, com exceção dos campi Bambuí e Betim (parcial), em função de questões técnicas e financeiras.

Relatórios sinalizam potencial das usinas

Por meio de relatórios diários recebidos, os campi têm condições de verificar a quantidade de energia solar gerada pela usina, a quantidade de gás carbônico não emitido, além do equivalente, em reais, da economia de energia elétrica. A seguir, dados referentes ao dia 6 de março, apenas como referência:

 

CAMPUS

Rendimento (energia)

Economia (em reais)

Redução de CO2

Bambuí**

143,9 kwh

R$ 61,4

100,7 kg

Congonhas

119,3 kWh

R$ 52,4

83,51 kg

Formiga

152,7 kWh

R$ 62,6

106,9 kg

Governador Valadares

163,8 kWh

R$ 78,6

114,6 kg

Ouro Preto

116,7 kWh

R$ 47,8

81,7 kg

Ribeirão das Neves

158,7 kWh

R$ 63,4

111,1 kg

São João Evangelista

152,7 kWh

R$ 64,1

106,9 kg

* Em Betim, a usina fotovoltaica já foi implantada, mas ainda não está em funcionamento.
** Dados disponibilizados por média.

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