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Gaudêncio Frigotto destaca o papel dos institutos federais no cenário da Educação Profissional e Tecnológica

Em encontro com docentes do IFMG, Frigotto avalia que Institutos Federais são fruto de uma conquista coletiva e importante contraponto ao ensino puramente tecnicista. Educador também abordou desafios cotidianos das instituições
publicado: 25/10/2024 11h50, última modificação: 25/10/2024 13h38

Uma conversa entre colegas, conduzida com maestria e recheada de reflexões teóricas perfeitamente atreladas ao cotidiano da prática escolar. Assim foi a experiência vivenciada pelos docentes do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) na Reitoria, durante a tarde desta quinta-feira, 24, em um encontro com o professor Gaudêncio Frigotto, referência nacional em estudos sobre a educação profissional e tecnológica (EPT).

Por meio de vídeo-chamada, o reitor do IFMG, Rafael Bastos – que está em Caldas Novas (GO), participando da Reditec –, deu as boas-vindas a educador e falou da satisfação em recebê-lo para um debate que é crucial aos Institutos Federais. Na sequência, o docente do Campus Ouro Branco e do ProfEPT, Pablo Menezes, iniciou os trabalhos destacando a atuação de Gaudêncio Frigotto nas reflexões sobre a EPT no Brasil ao longo de décadas e seu papel na criação dos institutos federais. “O professor participou dos debates e foi referência para gerar os documentos que resultam na forma como hoje organizamos os nossos institutos”, lembra Pablo.

Precisaríamos de (ter) tantos institutos federais quantos jovens que precisam de ensino médio.
Gaudêncio Frigotto

Gaudêncio Frigotto trouxe aos docentes e demais servidores presentes um rico debate sobre a forma tecnicista como se constituiu a EPT no Brasil e o papel de propostas como a dos Institutos Federais para mudar esta realidade.

O educador defende um ensino integral, que não tenha foco exclusivamente em atender ao “mercado”.  Para ele, os institutos são fruto de uma conquista coletiva, de professores, professoras, políticos e intelectuais que entenderam o resultado que se pode obter, para toda a sociedade, com um ensino mais abrangente e transformador. “As coisas caminham, não sou pessimista, mas precisaríamos de (ter) tantos institutos federais quantos jovens que precisam de ensino médio. Lamentavelmente, 85% dos jovens estão em escolas onde os professores são mal pagos, não tem laboratório, não tem banheiro e nem água potável, muitas vezes”, avalia Frigotto.

"Ouvi-lo foi muito importante, até para nos lembrarmos dos compromissos que precisamos assumir. E uma oportunidade de fazer perguntas sobre como temos conduzido o projeto dos institutos federais".
Pablo Menezes

O professor ainda falou da necessidade de enfrentar problemas como evasão, retenção e de construir políticas específicas para garantir a permanência dos estudantes. "Não é possível cobrar meritocracia de quem não teve uma base", ressalta. "Os institutos têm novos sujeitos, têm ribeirinhos, quilombolas, alunos de escolas públicas, ter uma política para isto deve ser o 'PDI' (Plano de Desenvolvimento Institucional) da Rede", afirmou.

Para os servidores presentes ao encontro, as ponderações chamam atenção, também, para a necessidade de lançar luzes, dentro das próprias instituições, sobre a vocação dos IFs em seu papel transformador. "É necessário que as pessoas que entram para trabalhar nos institutos tenham clareza do que são essas instituições, dos seus objetivos e propostas", comenta a chefe de Gabinete Fátima Freitas, ao avaliar que um trabalho formativo da própria Rede Federal neste sentido poderia ser valioso.

"Ouvi-lo foi muito importante, até para nos lembrarmos dos compromissos que precisamos assumir. E uma oportunidade de fazer perguntas sobre como temos conduzido o projeto dos institutos federais, qual o balanço, passados esses longos anos, quais as grandes questões diante daquilo que temos chamado de contra-reforma curricular, os desafios que temos pela frente", analisa Pablo Menezes. "Esta oportunidade acabou abrindo uma porta para começarmos a tratar desta temática a partir de um diálogo entre os pensadores da EPT e o cotidiano”, conclui.

Encontro ocorreu na Reitoria do IFMG