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Mês da Consciência Negra: Programa Autonomia e Renda Petrobras promove qualificação e inclusão racial

Quase 74% dos estudantes matriculados nos nove Institutos Federais participantes se autodeclaram pretos ou pardos. Nesse contexto, o IFMG destaca-se por ter um alto percentual de alunos negros - cerca de 85% dos matriculados nos cursos ofertados pelo Programa.
publicado: 19/11/2025 09h21, última modificação: 19/11/2025 09h23

No Mês da Consciência Negra, o Programa Autonomia e Renda Petrobras celebra os resultados alcançados na promoção da inclusão racial e social. Criado para ampliar oportunidades de formação profissional em distintas regiões de abrangência da Petrobras, o Programa conta, atualmente, com quase 74% dos estudantes matriculados autodeclarados pretos ou pardos, um dado que reforça seu papel no enfrentamento das desigualdades históricas no acesso à educação e ao trabalho.

Em números absolutos, são cerca de 2.600 estudantes negros (pretos e pardos) matriculados nos nove Institutos Federais participantes do Programa. A presença significativa desse público nas turmas evidencia o alcance social do Programa e sua contribuição para ampliar o acesso à formação profissional, estimulando a diversidade e a promoção da equidade racial no mundo do trabalho.

Compromisso com a equidade racial e a transformação social

Estudos apontam que as desigualdades educacionais impactam diretamente as trajetórias profissionais de jovens negros e pardos, o que reforça a importância de iniciativas como o Programa Autonomia e Renda Petrobras, que contribuem para ampliar oportunidades e abrir novos caminhos para essa parcela da população.

Nos estados em que o Programa está presente, é grande o potencial de transformação da realidade por meio da educação. O Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), por exemplo, destaca-se por ser o segundo instituto com maior percentual de estudantes negros e pardos matriculados: ao todo, 112 pessoas, cerca de 85%, buscam melhores chances profissionais por meio da formação profissional oferecida.

Mulheres negras: desafios e resistência

3. CARROSSEL [IFMG] Mês da Consciência Negra.pngQuando se observam os dados sobre as mulheres negras, o cenário revela desigualdades ainda mais profundas. Segundo o IBGE (2022), a taxa de analfabetismo entre mulheres negras é 2,5 vezes maior do que entre mulheres brancas. Além disso, 46,8% das mulheres negras estão na informalidade, quase 10 pontos percentuais acima da taxa registrada entre mulheres brancas. Esses números evidenciam as barreiras estruturais que ainda limitam o acesso de pessoas negras e pardas à educação e ao mercado de trabalho formal.

A estudante Jacinta Quirino, de 68 anos, do curso Auxiliar de Serviços Diversos do IFMG Campus Santa Luzia, relata ter enfrentado episódios de racismo ao longo da sua vida, corroborando as estatísticas, mas encontrou na educação a ferramenta mais potente para lutar contra esse cenário. “Quando eu era jovem, senti preconceito, sim. Mas fui amadurecendo e entendi que a gente dá o troco é crescendo como pessoa, como cidadã, exercendo os nossos direitos. E é só assim, através da educação — por isso tenho procurado me instruir cada vez mais. A maior arma de uma pessoa negra é a educação, por isso, insisto que os negros devem buscar melhorar e crescer a cada dia. E isso só acontece com uma boa educação. Nós não somos menos do que ninguém!”, afirmou.

Esperança e futuro

Ao final dos cursos, os estudantes do Programa Autonomia e Renda Petrobras saem mais preparados para atuar no setor industrial, que apresenta alta demanda por profissionais qualificados — fortalecendo, assim, a esperança em um futuro com mais inclusão, dignidade e oportunidades iguais.

 É o que espera a estudante do curso de Montador de Andaimes do IFMG Campus Ribeirão das Neves, Jéssica Paula. Ela conta que já enfrentou preconceitos em diferentes situações de trabalho: “Já vivi situações em que, dentro de uma empresa grande, fui orientada a alisar meu cabelo e a mudar minhas roupas e calçados, pois a forma como eu ia trabalhar (sendo eu mesma) não condizia com a estética do grupo. Diziam que havia uma visão de crescimento para mim, porém, eu teria que me adequar ao cargo. Aquilo foi um baque enorme. Ninguém deveria passar por algo assim. Minha cor de pele gritava naquele momento, diante de duas supervisoras brancas que, mesmo com cuidado nas palavras, não deveriam desconsiderar quem eu sou ou até onde posso chegar.”

 Ainda assim, Jéssica mantém a confiança de que o curso poderá transformar sua trajetória profissional.“Pra mim, o dia da Consciência Negra é exatamente isso: reconhecer nossa história, enfrentar o racismo e construir caminhos novos. E me capacitar é uma forma de mostrar que eu posso, e que a igualdade começa quando oportunidades deixam de ser exceção e passa a ser realidade.”, afirma a aluna.