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Professor do IFMG integrou equipe que venceu prêmio de patente em 2020
Um modelo de sonda que propicia mais eficiência ao processo de aspiração de secreções em pacientes internados em hospitais rendeu à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) o prêmio Patente do Ano (2020), concedido pela Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), que no ano passado contemplou processos destinados ao enfrentamento da pandemia de Covid-19. A patente, intitulada "Método e Sonda de Aspiração Endobronquial de Secreções", foi depositada em 2009 e concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) no último mês de dezembro.
Entre os inventores estão os professores Marcos Barbosa (falecido em 2016) e Claysson Santos Vimieiro, ambos da UFMG, bem como a professora Shirley Lima Campos (UFPE) e o professor Daniel Neves Rocha (IFMG - Campus Sabará). Segundo Claysson, os estudos para a geração da patente foram motivados por demanda da professora Shirley, que atuava como fisioterapeuta especialista na aspiração de secreções, como aquelas geradas nas pneumonias, e trabalhou com o tema durante seu doutorado.
Maior eficiência
De acordo com o professor Daniel Rocha, que também é diretor-geral do Campus Sabará, “o formato da sonda mais utilizada atualmente é um tubo inserido pela boca do paciente". "O problema é que nem sempre esse tubo é direcionado ao lado do pulmão desejado, ou melhor, o lado do pulmão que está acometido. De fato, o profissional de saúde não sabe ao certo que pulmão está sendo aspirado”, explica.
Com isso, a equipe de pesquisadores pensou em um novo tipo de sonda, com dois tubos, praticamente autodirecional. Nessa invenção, uma ponta vai para um lado e a outra vai para outro lado, o que faz com que o profissional de saúde tenha certeza de que está aspirando os dois pulmões ou aquele que está realmente com problemas.
Outra vantagem é que isso diminui os riscos de aspirar a extremidade de um pulmão que não possui secreção, ou seja, que está normal. Além disso, evita um procedimento comum realizado atualmente: aspirar e tirar a sonda por várias vezes, o que pode acabar espirrando aerossóis (pequenas gotículas de secreção) no ambiente hospitalar. “Naquele momento, a ideia era que a invenção fosse utilizada nas mais diversas doenças respiratórias, mas hoje acabou por se tornar um instrumento valioso contra a disseminação da Covid-19”, explica Daniel.
Novo formato e custo baixo
Tendo atuado especialmente na reconstrução da geometria da sonda, o docente do IFMG afirma que, “com o uso desse novo instrumento, é possível escolher que lado aspirar ou mesmo fazer isso simultaneamente, afinal, há dois pequenos orifícios que podem ser utilizados nesse trabalho”. Ele explica também que “outro grande ganho nessa patente é o custo estrutural baixo, o que facilita o acesso por parte do sistema público de saúde. É o mesmo material utilizado nas sondas atuais, só que com uma construção diferente que acabou gerando todo esse ganho”.
Desdobramentos no Instituto
Ainda segundo Daniel, “um dos desdobramentos do projeto foi o desenvolvimento de outros com o envolvimento de alunos do IFMG. Foi possível reconstruir partes do corpo humano como coração, cérebro e pulmão para auxiliar em aulas de ciências e biologia”, conclui.