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Pesquisa mensura impactos da siderurgia na devastação da Mata Atlântica
Em mais um artigo gerado a partir de sua tese de doutorado, o professor de História do IFMG - Campus Governador Valadares, Lenício Dutra Marinho Junior, dá sua contribuição para compreendermos a relação entre as grandes siderúrgicas e a devastação da Mata Atlântica de fronteira no Vale do Rio Doce (VRD), região Leste de Minas Gerais, na primeira metade do século XX. A publicação intitulada “A fronteira do carvão: siderurgia e floresta em Minas Gerais (Brasil) no século XX” foi veiculada na última edição da Revista Ambiente & Sociedade e tem como coautores os professores Haruf Salmen Espindola (GIT/Univale) e Eunice Sueli Nodari (UFSC).
Pautando-se por uma abordagem interdisciplinar do fenômeno, Lenício explica o período histórico de quando se intensificou a devastação da vegetação pela indústria. “A estreita associação entre o setor do carvão vegetal e a indústria siderúrgica se consolidou na primeira metade do século XX. Inevitavelmente, isso teve um enorme impacto no bioma da Mata Atlântica na zona leste de MG”, pontua.
Para a elaboração do trabalho, o pesquisador recorreu a relatórios técnicos, estatísticas oficiais, periódicos e outras fontes de mídia, centrando atenção na empresa Belgo-Mineira. Nesse esforço, organizou um conjunto de dados que permitiu mensurar os impactos da indústria siderúrgica a carvão vegetal sobre a floresta.
O texto do artigo está organizado em três seções. A primeira apresenta as conexões entre a fronteira do carvão vegetal no VRD e os interesses regionais, nacionais e globais envolvidos. Aqui a ênfase está na importância das jazidas minerais para a cadeia internacional do ferro e do aço. Na segunda seção é examinada a implantação da siderúrgica no VRD, destacando a centralidade da floresta na concretização deste empreendimento, enfatizando o caso da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (doravante CSBM). Finalmente, são explorados dados sobre a produção de ferro gusa e aço para estimar o consumo de carvão vegetal durante a primeira metade do século XX; bem como os impactos socioambientais da siderurgia a carvão vegetal na experiência da fronteira do carvão.
O docente apresenta como resultado principal as estimativas de extração florestal para servir a indústria siderúrgica entre 1936 e 1954. “Os dados desta pesquisa mostram que a indústria siderúrgica a carvão vegetal deu um aspecto distinto ao fenômeno da fronteira em razão da centralidade do carvão”, conclui.
Acesse abaixo o artigo na íntegra:
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Sobre a Revista
A Ambiente & Sociedade é uma publicação anual da ANPPAS-Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade. Publica trabalhos científicos de colaboradores(as) nacionais e internacionais. O periódico iniciou suas atividades em 1997, como fruto de uma articulação interinstitucional de pesquisadores(as) de uma área de conhecimento ainda incipiente naquele momento, a interface entre as questões do Ambiente e as Ciências Sociais. Desde 2011, o periódico é publicado apenas no formato digital. A partir de 2018, passou a adotar o sistema de publicação contínua, resultando em volumes anuais.
Texto: Comunicação Campus GV