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Maternidade e Trabalho

publicado 08/05/2025 10h52, última modificação 08/05/2025 10h53

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Neste domingo, 11 de Maio, comemora-se o dia das mães. Houve muitos avanços nos últimos anos em relação à inserção e permanência da mulher no mercado de trabalho, mas é essencial refletirmos sobre os vários desafios ainda enfrentados. A sobrecarga materna, o preconceito no local de trabalho e os desafios emocionais são realidades enfrentadas por muitas profissionais que são mães.  

Ainda é muito comum que algum gestores, façam perguntas do tipo: se tem filhos, com quem vai ficar as crianças e geram desconfortos nas mães. Quando já estão trabalhando é preciso decidir o momento propício para ter filhos. Algumas mulheres adiam para o mais longe possível e algumas inclusive até fazem congelamento de óvulos. Estando já grávidas é preciso também o acompanhamento médico rigoroso que envolve consultas e exames o que pode gerar várias ausências do trabalho. 

Ocorre então o período de licença maternidade no qual a mulher passa por diversas mudanças, hormonais, psicológicas e o final da licença maternidade pode ser vivenciado de forma angustiante e medos como perder o vínculo com o bebê, quebra do ciclo da amamentação e esgotamento emocional podem surgir. 

No retorno da licença maternidade já existe a necessidade de um planejamento e organização sobre com quem ficará com o bebê no momento que a mãe estiver trabalhando, se vai ser matriculado em uma creche, se irá ficar com algum familiar ou mesmo uma babá. Além disso, como ficará a amamentação se haverá algum espaço na organização, se permite horários mais flexíveis ou mesmo teletrabalho. Como conciliar a maternidade e as demandas do trabalho, da casa e dos filhos também são inquietações frequentes. Somado a isso, em muitas organizações privadas há o risco de serem demitidas após o período legal de 5 meses de estabilidade.

Além disso, existe uma diferenciação nas promoções dentro das organizações. Para as organizações há o receio que como os cuidados da criança ficam na maioria das vezes a cargo da mulher elas tendem a deixar o trabalho ou reduzir as horas trabalhadas o que acarreta que as organizações tendem a promover homens a posições de chefia que demandam mais responsabilidade e jornadas de trabalho mais extensas. Geralmente a organização espera que o homem com filho trabalhe mais para conseguir  pagar todas as contas, e que a mulher que é mãe procure jornadas mais flexíveis, que ela ficará encarregada do cuidado com os filhos.

 

Além desses desafios, comentários desagradáveis, falta de empatia, exclusão de projetos e discriminação dos colegas também podem surgir como experiências ruins no retorno ao trabalho.

Algumas medidas simples nas organizações podem criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e inclusivo para as mães:  

  • Os desafios de conciliar trabalho e maternidade começam desde os primeiros dias de gestação. Por isso, garantir segurança, apoio e estabilidade desde o início é fundamental. A mulher precisará cumprir todo o pré-natal, então é necessário proporcionar mais flexibilidade para sua rotina de trabalho;
  • Também é necessário atenção para a ergonomia, já que é essencial adequar o espaço de trabalho de modo que a colaboradora grávida sinta-se mais confortável e acolhida;
  • O aleitamento materno é recomendado até os dois anos de idade, mas na maior parte dos casos, as mães precisam voltar a trabalhar antes desse período. Por isso é recomendado fornecer um espaço especial para que as mães lactantes realizem a retirada e a estocagem de leite, que será oferecido à criança em outro momento;
  • Durante a ausência na licença maternidade, muitas mudanças ocorrem no ambiente de trabalho, o que inevitavelmente pode ocasionar um sentimento de deslocamento e sem direção no retorno da trabalhadora. Os colegas de trabalho e chefia pode auxiliar na  atualização sobre os temas críticos e na inclusão gradual nos principais projetos;
  • No retorno ao trabalho, demonstrações de oscilações emocionais são comuns neste momento sensível e delicado que as mães estão vivenciando, o que requer compreensão por parte dos gestores e colegas de trabalho;
  • Muitas vezes, o cansaço e o esgotamento fazem parte do dia a dia das trabalhadoras que são mães. Por isso, é importante estimular a empatia para que todas sintam-se acolhidas e abraçadas na organização. A discriminação e o preconceito não podem e nem devem ser tolerados.

Gestores

  • No retorno da licença maternidade, faça com que a profissional se sinta acolhida e como parte importante da equipe;
  • Ajude essa profissional a pensar em novas formas de desenvolver o seu trabalho;
  • Dê espaço para que ela desenvolva projetos mais compatíveis com sua realidade atual
  • Incentive essa profissional a fazer pausas para a amamentação;
  • Invista em um clima tranquilo em que a profissional se sinta segura para falar sobre os seus medos e inseguranças;
  • Acolha as suas inseguranças e compreenda que ela está em um momento muito desafiador;
  • Trabalhar com metas pode ser mais fácil para conciliar maternidade e trabalho, ao invés de cumprir uma carga horária. Ofereça a possibilidade de utilizar o horário flexível para que essa profissional possa fazer suas entregas e atingir os resultados da melhor forma.

À medida que avançamos em direção a uma sociedade mais igualitária, é fundamental que as organizações assumam a responsabilidade de criar políticas e programas inclusivos que atendam às necessidades das mães. Isso pode incluir medidas como licença maternidade estendida, programas de apoio à conciliação entre trabalho e vida familiar, flexibilidade de horários e espaços adequados para amamentação. Além disso, políticas públicas  que ofereçam serviços como creches em número suficiente e em um período com uma carga horária maior também podem auxiliar muito às mães que estão no mercado de trabalho.

 

Neste dia das mães, fica nosso reconhecimento pelo trabalho incansável destas pessoas que dedicam todos os dias em  oferecer o seu melhor tanto para os filhos, quanto no ambiente de trabalho e muitas vezes podem se esquecer até mesmo de si mesmas.  Mas lembrem-se mamães, ninguém precisa ser guerreira o tempo todo, reservem um tempo para o autocuidado, é importante cuidar da própria saúde, se possível deleguem algumas funções e solicitem ajuda quando necessário.

Um lindo dia para todas as mamães!

Referências

https://www.cnnbrasil.com.br/forum-opiniao/maes-no-mercado-de-trabalho-desafios-e-receios-quando-chega-a-sua-vez-de-tirar-a-licenca-maternidade/

https://jornal.usp.br/radio-usp/maternidade-ainda-e-responsavel-por-deixar-milhoes-de-mulheres-fora-do-mercado-de-trabalho/

https://vidalink.com.br/blog/maternidade-e-trabalho/

https://mentalclean.com.br/os-desafios-da-maternidade-no-ambiente-de-trabalho/

 

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